Hoje, os projetos arquitetônicos residenciais e de outros tipos de edifícios tendem a incluir elementos sustentáveis como forma de minimizar custos e poupar recursos naturais.
Sendo assim, nada melhor que recorrer à ventilação cruzada no momento de planejar o conforto térmico, além de auxiliar na prevenção de doenças respiratórias e elevar a qualidade do ar nas edificações. Quer saber mais sobre esse assunto? Continue a leitura e entenda como deixar o seu projeto mais leve e sustentável!
Índice
- O que é Ventilação Cruzada?
- Ventilação Cruzada Vertical X Ventilação Cruzada Horizontal: quais as diferenças?
- 4 benefícios da ventilação cruzada
- Saiba como planejar a ventilação cruzada na sua casa
- Desafios e soluções para a ventilação cruzada
- Conclusão
O que é Ventilação Cruzada?
Ventilação cruzada, também conhecida por ventilação natural cruzada, se caracteriza pela movimentação do ar no interior dos imóveis sem a ajuda de nenhum sistema artificial. É a simples ação do vento ou da diferença de densidade do ar, que pode variar conforme a temperatura do ambiente.
Esse tipo de recurso é possível quando um projeto aproveita ao máximo o deslocamento do vento, de forma que a entrada e a saída da corrente de ar seja constante, mantendo o espaço sempre fresco.
Assim, para proporcionar a ventilação natural cruzada, o ambiente deve ter duas aberturas opostas ou adjacentes na edificação, como janelas e portas. Dessa forma, o ar flui naturalmente, renovando a ventilação do local.
As casas podem ser extremamente beneficiadas por projetos inovadores como esses, que também são essenciais no segmento industrial, considerando a quantidade de pessoas que trabalham em prédios comerciais. Um local de trabalho que prima pela integridade física e mental dos colaboradores é o ideal para qualquer rotina corporativa saudável.
Com isso, as empresas passam, também, a investir menos em custos operacionais, uma vez que a ventilação natural ajuda a reduzir consideravelmente o consumo de energia elétrica.
Ventilação Cruzada Vertical X Ventilação Cruzada Horizontal: quais as diferenças?
Destacamos que a ventilação cruzada pode ser feita tanto de forma vertical quanto horizontal. Isso significa que as aberturas para circulação de ar nas edificações ocorrem por meio dos alinhamentos de paredes na mesma altura ou posicionadas em alturas diferentes.
Exemplificando: caso as janelas ou portas do imóvel estejam localizadas em alturas distintas, o ar fresco entra pela abertura mais baixa eliminando o ar quente pela abertura mais alta. Isso acontece porque o ar frio é mais pesado que o quente.
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Benefícios da ventilação cruzada
A ventilação cruzada é um recurso inteligente, ecológico e econômico. Oferece conforto térmico aos ambientes, ameniza o consumo de energia e reduz a necessidade de instalar aparelhos de ar-condicionado em algumas construções. Confira alguns benefícios com mais detalhes:
Melhoria da qualidade do ar
A qualidade do ar melhora significativamente, já que a ventilação cruzada permite a entrada do ar fresco e a saída do ar viciado. Isso ajuda a diminuir a concentração de poluentes internos, como fumaça de cigarro, gás carbônico, poeira, partículas tóxicas em suspensão, odores e compostos orgânicos voláteis.
Essa renovação constante do ar nos recintos é muito importante para favorecer a saúde respiratória dos moradores ou frequentadores do imóvel.
Redução da umidade e prevenção de mofo
E, por falar em qualidade do ar para manter a saúde, sabemos que esse aspecto é fundamental para impedir a transmissão de bactérias, vírus e fungos que causam doenças respiratórias.
Em recintos fechados, é necessário rever o layout do espaço e priorizar tal quesito para promover mais saúde para os ocupantes do local. Assim, fica muito mais fácil manter-se saudável, confortável e livre de riscos, principalmente em tempos de propagação de doenças como Covid e outras transmissíveis pelo ar.
Quando promovemos uma troca constante do ar, também é possível controlar os níveis de umidade no interior do ambiente. E, isso é vital para prevenir a proliferação de bolor e mofo que, podem, também, danificar estruturas e o mobiliário, além de afetar a saúde dos moradores.
Eficiência energética e conforto térmico
Quando usamos a ventilação natural a nosso favor, resfriamos os ambientes e, conforme já mencionamos, reduzimos a necessidade de instalar aparelhos de ar-condicionado, principalmente em locais com clima mais ameno ou ao longo das estações mais frescas.
Nessas condições, é possível economizar energia e proporcionar mais conforto térmico com um bom aproveitamento da ventilação natural, que torna a temperatura do ambiente mais agradável.
É sustentável
Hoje, manter a sustentabilidade é uma das maiores preocupações sociais no mundo todo. Na construção civil, o objetivo é dimensionar os projetos com o máximo de desempenho, operando com o mínimo possível de consumo dos recursos naturais.
Nesse sentido, uma das alternativas mais proveitosas são os sistemas de ventilação cruzada, exatamente porque eles atuam de maneira eficiente a um custo praticamente zero de energia.
Além de tudo o que já relatamos, a ventilação cruzada não exige manutenção constante. Isso porque os sistemas, normalmente, combinam o uso de estratégias que dispensam aparelhos e outros dispositivos artificiais para refrescar os ambientes e renovar o ar.
Saiba como planejar a ventilação cruzada na sua casa
Confira, agora, alguns elementos necessários para planejar e implementar a ventilação cruzada em projetos de construção e de renovação:
Análise da orientação do edifício
Primeiramente, é preciso fazer uma análise quanto à orientação do edifício em relação à direção dos ventos. É importante identificar qual é a direção predominante na região em que a obra será feita.
Essa medida pode ser tomada com o auxílio de dados meteorológicos locais ou por meio de observação. Assim, fica claro que a condição ideal é posicionar as aberturas para ventilação cruzada de maneira que elas captem o fluxo natural do vento.
Leve em conta, ainda, a orientação solar, ou seja, a trajetória do sol durante o dia. Dessa forma, as aberturas voltadas para o lado nascente permitem luz e calor no período matinal, enquanto as aberturas para o lado poente captam a luz do entardecer.
Localização e tamanho das aberturas
Faça um posicionamento estratégico colocando as janelas e outras aberturas em paredes opostas ou perpendiculares. Com isso, é possível favorecer a travessia do ar de forma eficiente pelos cômodos da casa, já que a intenção é facilitar o fluxo de ar de uma abertura para outra.
Providencie o dimensionamento adequado, mantendo a área total das aberturas de ventilação — incluindo entrada e saída de ar — em pelo menos 5% da área do piso do cômodo.
Uso de elementos construtivos
Aqui, os elementos construtivos, normalmente, são portas e janelas. Assim, opte por portas internas contendo aberturas na parte superior ou por portas perfuradas, capazes de impulsionar o fluxo de ar entre áreas distintas da casa, mesmo quando as portas se encontram fechadas.
Você pode, também, adicionar venezianas e claraboias em acréscimo às janelas. Isso ajuda no controle de luz e na ventilação vertical.
Eliminação de barreiras e obstáculos
Reduza as barreiras internas mantendo o layout interno mais aberto nos locais possíveis. Use, ainda, móveis que não obstruam a passagem do ar. O planejamento de um bom projeto de paisagismo externo, entre outras barreiras, deve ser feito de forma a não bloquear os ventos predominantes que chegam até a abertura.
Uso de tecnologias sustentáveis
Tecnologias sustentáveis podem ser aplicadas em áreas cuja ventilação natural é limitada. Por isso, vale considerar a possibilidade de incluir ventiladores de teto ou exaustores para ajudar a movimentar o ar desses locais.
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Desafios e soluções para a ventilação cruzada
Em muitos casos, os projetos arquitetônicos oferecem muitos desafios para implementar a ventilação cruzada. Mas, é possível procurar alternativas para solucionar os problemas.
E, diante dos dilemas que todos nós vivenciamos nesse mundo moderno, repleto de catástrofes climáticas e temperaturas cada dia mais altas, nada mais racional que recorrer ao vento como aliado natural, renovável, saudável e gratuito, para aumentar o conforto térmico dos projetos residenciais.
Ultimamente, o protagonismo dos aparelhos de ar-condicionado tem diminuído diante de uma maior conscientização sobre a finitude dos recursos e da demanda pela redução do consumo de energia.
Sendo assim, arquitetos e engenheiros têm se voltado à adoção de sistemas passivos para promover melhoria do conforto térmico em diversos tipos de ambientes. Obviamente, há locais ou momentos em que o clima se torna extremo e não há como escapar dos sistemas artificiais.
No entanto, em muitos lugares é perfeitamente possível manter um fluxo de ar agradável usando a ventilação cruzada, por exemplo, principalmente se as providências são tomadas ainda na fase projetual.
Conforme vimos até agora, trata-se de um tema bastante abrangente, que inclui projetos realizados com um conjunto de sistemas de ventilação que podem ajudar muito, além da ventilação cruzada.
Ventilação natural induzida
É possível, então, usar ventilação natural induzida, resfriamento evaporativo e efeito chaminé que, ao serem combinados a uma utilização correta de elementos construtivos ajuda muito a melhorar o conforto térmico e a reduzir o consumo de energia.
Edifícios verticais, por exemplo, usam, com recorrência, fluxos verticais de ventilação por meio do efeito chaminé, em que o ar frio pressiona o ar quente e força-o a subir, da mesma forma que a ventilação induzida.
No entanto, no caso da ventilação induzida, torres ou áreas abertas pelo centro do projeto possibilitam a circulação do ar pelo ambiente, saindo através da cobertura, com auxílio de aberturas zenitais, lanternins ou exaustores eólicos.
Um exemplo desse sistema de ventilação é o domo do Novo Parlamento Alemão, cujo projeto foi concebido por Norman Foster. Nele, uma cúpula com fechamento externo em cone invertido e vidro, com painéis espelhados no centro, proporciona uma circulação do ar no prédio, liberado pela abertura do topo.
Outro exemplo de projeto bem-sucedido é o Hospital da rede Sarah Kubitschek, em Salvador, do arquiteto brasileiro João Filgueiras Lima. O arquiteto usou sheds metálicos curvos, de grandes e diferentes extensões, com repetições sucessivas.
Essas peças ventilam os ambientes por meio da liberação do ar quente e de impurezas através das aberturas superiores e, com iluminação natural como acréscimo.
Brises
Brises são mecanismos excelentes para garantir a ventilação natural. Além de controlar a luz e a entrada do sol, se posicionados adequadamente, juntamente às condições dos ventos locais e do sol, podem proporcionar uma excelente qualidade térmica nos interiores.
Esse mesmo controle de ventilação pode ser conseguido por meio de elementos vazados como chapas perfuradas, cobogós, muxarabis e outros.
Conclusão
Os novos tempos têm exigido medidas mais estratégicas para poupar a natureza e permitir, de forma inteligente e racional, que possamos usar os recursos naturais a nosso favor, sem nenhum desgaste, com economia e praticidade.
Dessa forma, a ventilação cruzada, assim como outras soluções parecidas, pode proporcionar mais conforto térmico, contribuir com a saúde nos ambientes residenciais e andar de mãos dadas com a sustentabilidade.
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