Santander lança linha para prédio sustentável

O Itaú lançou há um ano uma linha para construtoras com certificação, a Plano Empresário Verde Valor Econômico – Finanças, […]

Por Tarjab
Em 23 de junho de 2022

O Itaú lançou há um ano uma linha para construtoras com certificação, a Plano Empresário Verde

Valor Econômico – Finanças, Ana Luiza Tieghi 

 

O Santander lançou uma linha de financiamento para construtoras e incorporadoras, do tipo Plano Empresário, com vantagens para projetos residenciais que obtiverem certificação de sustentabilidade. Os selos aceitos são Aqua-HQE, concedido pela Fundação Vanzolini, e o GBC Brasil Condomínio, do Green Building Council (GBC), mesma entidade responsável pelos certificados Leed, populares entre prédios corporativos de alto padrão.

Como explica Sandro Gamba, diretor de negócios imobiliários do Santander, as empresas que foram aceitas na linha poderão financiar até 100% dos custos da obra, com liberação dos recursos a partir de 1% de conclusão do projeto. Para empreendimentos sem certificado, o gatilho de liberação é ter 10% da obra pronta.

Outra característica da nova linha é a possibilidade do repasse da carteira de financiamento dos clientes com 70% da obra concluída, enquanto no financiamento tradicional isso só ocorre com a construção totalmente pronta. Segundo o banco, isso permite que o incorporador consiga quitar mais cedo o seu empréstimo, resultando em menos encargos.

Para o consumidor final, que comprou uma unidade do empreendimento na planta, o repasse antecipado ao banco também permite a contratação do empréstimo bancário enquanto a obra ainda é finalizada, e não só após a entrega das chaves.

“Não acreditamos em discutir apenas as taxas de financiamento, queremos desenvolver uma cultura de implementar a certificação, desenvolver e disseminar esses empreendimentos, diz Gamba.

O executivo analisa que empresas certificadas têm informações de governança superiores às que não possuem os selos, o que permite oferecer políticas diferenciadas de crédito. “Não é uma proposta temporária, o percentual de empreendimentos com certificação vai se tornar cada vez mais relevante e ter participação maior nos financiamentos que realizamos”.

Para se enquadrar nas certificações Aqua-HQE ou GBC Brasil Condomínio, os empreendimentos precisam ter projetos que sigam as normas técnicas atuais e prevejam redução no consumo de água e energia, de pelo menos 25% a 40%, dependendo do caso, e na geração de resíduos. Também são avaliados a produção de entulho na obra, a relação do canteiro com o seu entorno, o uso de fontes renováveis de energia e aspectos de conforto térmico, luminoso e acústico.

O GBC Brasil Condomínio e sua modalidade para casas estavam presentes em 157 projetos no país até o ano passado. “Ter apoio do segmento financeiro sempre foi um grande sonho do movimento GBC, entendemos que agora vamos conseguir pulverizar mais essa iniciativa, diz Felipe Faria, CEO da entidade.

Ele afirma que construções certificadas têm maior velocidade de venda, o que já foi comprovado nos prédios comerciais.

A incorporadora Tarjab é uma das empresas que já tem empreendimentos com a certificação Aqua-HQE, apesar de ainda não ter conseguido vantagens no financiamento por isso, diz seu presidente Carlos Borges. Das oito obras que estão fazendo, sete possuem o certificado. A diferença de custo entre obras certificadas ou não é pequena.

“Nossa atividade é de fato impactante para o meio ambiente, e entendemos que [a certificação] aumenta nossa chance de perenizar o negócio, porque acreditamos que daqui um tempo vai ser algo obrigatório, é irreversível”, diz.

Itaú lançou há um ano uma linha para construtoras com certificação, a Plano Empresarial Verde. No caso do banco, são aceitos projetos com selo Edge, concedido internacionalmente pela Internacional Finance Corporation (IFC), que apresenta redução de ao menos 20% no consumo de água e energia. Nesse caso, a taxa de financiamento é menor. Milton d’Ávila, superintendente do segmento imobiliário do Itaú BBA, afirma que o tamanho do benefício é analisado de acordo com cada projeto. “Edificações mais ecoeficientes, autossustentáveis, têm tendência a se valorizarem mais e ter liquidez maior”, afirma.

Em um ano de operação da linha, cerca de dez empreendimentos foram aprovados.

A incorporadora Patriani é responsável por dois desses empreendimentos, e obteve R$ 39,3 milhões, ao todo, com a linha do Itaú. Segundo a empresa, as obras, uma em São Caetano do Sul e a outra em Campinas, começam no segundo semestre e a previsão é que outros projetos também recebam financiamento dessa linha nos próximos meses.

A oferta de linhas especiais de crédito à construção, com foco em sustentabilidade, é algo que está em estudo pelo Bradesco e pelo Banco do Brasil, segundo as instituições. A Caixa já tem um tipo próprio de certificação para projetos sustentáveis no setor imobiliário, o Selo Casa Azul + Caixa, com taxas diferenciadas.

Matéria publicada originalmente no jornal Valor Econômico

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