Jardins biofílicos: bolhas de conforto no caos urbano

Incorporadoras investem em projetos com paisagismo planejado para criar espaços contemplativos e integrar os moradores à natureza   Valor Econômico […]

Por Tarjab
Em 3 de junho de 2022

Incorporadoras investem em projetos com paisagismo planejado para criar espaços contemplativos e integrar os moradores à natureza

 

Valor Econômico – Imóveis de Valor 

 

O paisagismo biofílico veio para ficar. Tendência que já fazia parte da aposta de grandes incorporadoras com vistas à obtenção do certificado green building, a vegetação exuberante agora integra os projetos de espaços contemplativos dos empreendimentos — os chamados jardins biofílicos.

A explicação pode estar nos anos pandêmicos, que fortaleceram , que fortaleceram a ideia do lar como refúgio urbano, diz Guilherme Werner, sócio-consultor da Brain Inteligência Estratégica. Essas bolhas de conforto dentro do caos urbano integram a arquitetura à natureza e ajudam a atrair compradores.

“A procura por residências com projetos que tenham relação com a natureza só tem aumentado de dois anos para cá. Esse tipo de imóvel tem mais liquidez”, afirma Marco Túlio Vilela Lima, CEO da Esquema Imóveis.
Desde que passou a certificar seus prédios com o selo Aqua, em 2015, a Trisul S.A. tem investido em prédios com natureza integrada à arquitetura. “Nossos projetos contemplam jardineiras nos apartamentos, áreas comuns com paisagismo, paredes verdes e materiais naturais, que são elementos da biofilia”, conta Penélope Bernardo, superintendente de Desenvolvimento de Produto e PDV da empresa.

O Arky Cayoaá, em Perdizes, tem jardins de plantas nativas, rede e bancos; e o Península Vila Madalena, novo lançamento da construtora, prevê lounges externos integrados aos jardins e à piscina, cujo entorno abriga várias plantas, incluindo uma pequena “ilha” de árvore em um dos decks molhados.

O paisagista Benedito Abbud, que há mais de 20 anos adota elementos que hoje são atribuídos à biofilia, diz que um de seus projetos mais recentes, o Cidade Matarazzo, já mostra os resultados da exuberância da biodiversidade. “Imagina a surpresa de alguém ao ver um pica-pau de topete amarelo no meio de uma cidade como a nossa!”, pondera ele, lembrando que o paisagismo pode ser fator decisivo na escolha de um imóvel.

“O consumidor já entende o paisagismo como um diferencial e dá preferência a empreendimentos que priorizam espaços verdes integrados à natureza pensando no bem-estar e na qualidade de vida que oferecem”, avalia Ana Paula Dominguez da Costa, gerente de Meio Ambiente da Benx Incorporadora, dona do Parque Global, com 58 mil metros quadrados de áreas verdes, onde o ambientalista e mestre em Botânica pela USP Ricardo Cardim aplicou no paisagismo o conceito de “floresta de bolso”, técnica natural de restauração da Mata Atlântica.

O paisagismo sustentável do Parque Global conta com 197 espécies de plantas nativas. A proximidade com o Parque Burle Marx também foi analisada para que as áreas verdes se integrassem, beneficiando a dispersão de sementes e atraindo a fauna. O Parque Global tem abelhas, borboletas, besouros e aves, uma biodiversidade dá ao morador a sensação de estar fora de um ambiente tão metropolitano como é São Paulo.

A “floresta de bolso” de Cardim também está no Harmonie Saúde, da Tarjab, que utiliza plantas nativas da Mata Atlântica e do Cerrado. Na praça central do edifício foram plantadas três jabuticabeiras. “O entorno do prédio será totalmente arborizado, ajudando na umidade do ar e deixando um legado para o bairro”, explica o diretor da Cardim Arquitetura Paisagística.

Vários projetos da Idea!Zar vos tem arquitetura e natureza interligadas, como o Floresta Vila Ipojuca, densamente arborizado. Agora, a incorporadora está lançando o Tuca, em Perdizes, com paisagismo assinado por Rodrigo Oliveira. Todos os apartamentos terão varandas com floreiras em formato de ‘U’ com sistema de irrigação e plantas escolhidas pelo paisagista.

A distância entre as duas torres do prédio equivale à largura de uma rua, e ali Oliveira criou espaços de relaxamento com plantas originárias da Mata Atlântica interligados à piscina. “A ideia foi fazer um paisagismo ‘usável’, para que as pessoas tenham vontade de descer para o térreo e aproveitar o jardim”, diz Otavio Zarvos.

Matéria publicada originalmente no jornal O Valor Econômico – Imóveis de Valor 

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